29
Mayo
2017
Uma vitória de cada vez
Artur Bueno Júnior
Fotos: CNTA
O movimento sindical brasileiro mostrou um poder de mobilização, nesta quarta-feira dia 24 de maio, que muitos julgavam não mais existir.
Cerca de 150 mil pessoas ocuparam Brasília neste dia, em protesto contra as reformas Trabalhista e Previdenciária do governo Temer. Provocaram recuos e instabilidade na tramitação das propostas no Congresso.
Os ônibus, concentrados no Estádio Mané Garrincha, exibiam placas que iam do Sul ao Norte do país. Gente que passou dias inteiros numa árdua viagem, renunciando ao conforto de casa para lutar pelos direitos. Gente como os 43 de Limeira, que passaram quase 30 horas no veículo que os transportou à capital federal.
Em Brasília, se os carros de som e uniformes das centrais chamaram a atenção, o grosso do trabalho de mobilização já havia sido realizado, além das centrais, pelas confederações, federações e sindicatos.
Um trabalho que desmente a alegada burocratização do movimento, mostrando que as entidades possuem fortes vínculos com as bases que representam.
Ao poder de mobilização se somou à perspicácia. A primeira, saber que as decisões políticas do momento serão cruciais para os próximos anos, décadas e séculos, para toda a população brasileira. Especialmente a mais carente. Transmitir a amplitude dos danos das reformas aos trabalhadores foi o desafio das entidades. Isto foi feito.
A segunda “sacada” foi perceber a situação de fragilidade do governo Temer. Acuado diante de uma ação eleitoral, uma investigação criminal e diversos pedidos de impeachment, o representante do Capital Internacional jogou suas fichas na rapidez das reformas, como um apostador falido que promete o paraíso aos seus senhores – mas só com ele no Planalto.
A população, farta de corrupção e revoltada por pagar toda a conta, se revoltou.
Ante o 24 de maio, a reação do conluio “Governo-Capital-Grande Mídia” foi destacar a ação de desordeiros e agentes infiltrados, que promoveram bagunça em Brasília.
Desordem irresponsável, que quase ceifou vidas, mas que esteve longe de representar a manifestação sindical. Na versão destes poderosos, o vandalismo roubou a cena da mobilização verdadeiramente popular, e o frágil presidente pediu a presença do Exército.
Evocou tempos sombrios, expressando arbítrio, na ânsia de demonstrar força. Tal infantilidade referendou a vitória completa do movimento sindical.
Perguntam-me como será a vida do sindicalismo, se o imposto for extinto. Respondo que este é apenas um dos cerca de 100 itens questionados, nas reformas, pelo movimento.
Se neste 24 de maio conseguimos mobilizar tanta gente, é possível que saiamos fortalecidos da batalha, diante de qualquer resultado. Será preciso, pois tempos duros aí virão – o Capital quer campo livre para dizimar o que chama de entraves, os direitos dos trabalhadores.
Também queremos Diretas Já, a única forma de mudar o estado de coisas que domina a política brasileira atual.
E que outros embates venham, e que sejamos convocados a mostrar nosso poder de comunicação com as bases. Se o povo quase não tem ninguém a os defender, pelo menos estará lá, firme e forte, o movimento sindical brasileiro.
Os ônibus, concentrados no Estádio Mané Garrincha, exibiam placas que iam do Sul ao Norte do país. Gente que passou dias inteiros numa árdua viagem, renunciando ao conforto de casa para lutar pelos direitos. Gente como os 43 de Limeira, que passaram quase 30 horas no veículo que os transportou à capital federal.
Em Brasília, se os carros de som e uniformes das centrais chamaram a atenção, o grosso do trabalho de mobilização já havia sido realizado, além das centrais, pelas confederações, federações e sindicatos.
Um trabalho que desmente a alegada burocratização do movimento, mostrando que as entidades possuem fortes vínculos com as bases que representam.
Ao poder de mobilização se somou à perspicácia. A primeira, saber que as decisões políticas do momento serão cruciais para os próximos anos, décadas e séculos, para toda a população brasileira. Especialmente a mais carente. Transmitir a amplitude dos danos das reformas aos trabalhadores foi o desafio das entidades. Isto foi feito.
A segunda “sacada” foi perceber a situação de fragilidade do governo Temer. Acuado diante de uma ação eleitoral, uma investigação criminal e diversos pedidos de impeachment, o representante do Capital Internacional jogou suas fichas na rapidez das reformas, como um apostador falido que promete o paraíso aos seus senhores – mas só com ele no Planalto.
A população, farta de corrupção e revoltada por pagar toda a conta, se revoltou.
Ante o 24 de maio, a reação do conluio “Governo-Capital-Grande Mídia” foi destacar a ação de desordeiros e agentes infiltrados, que promoveram bagunça em Brasília.
Desordem irresponsável, que quase ceifou vidas, mas que esteve longe de representar a manifestação sindical. Na versão destes poderosos, o vandalismo roubou a cena da mobilização verdadeiramente popular, e o frágil presidente pediu a presença do Exército.
Evocou tempos sombrios, expressando arbítrio, na ânsia de demonstrar força. Tal infantilidade referendou a vitória completa do movimento sindical.
Perguntam-me como será a vida do sindicalismo, se o imposto for extinto. Respondo que este é apenas um dos cerca de 100 itens questionados, nas reformas, pelo movimento.
Se neste 24 de maio conseguimos mobilizar tanta gente, é possível que saiamos fortalecidos da batalha, diante de qualquer resultado. Será preciso, pois tempos duros aí virão – o Capital quer campo livre para dizimar o que chama de entraves, os direitos dos trabalhadores.
Também queremos Diretas Já, a única forma de mudar o estado de coisas que domina a política brasileira atual.
E que outros embates venham, e que sejamos convocados a mostrar nosso poder de comunicação com as bases. Se o povo quase não tem ninguém a os defender, pelo menos estará lá, firme e forte, o movimento sindical brasileiro.