01
Septiembre
2017

"Nós vamos lutar com a nossa vida, ministro"

O Jaraguá é Guarani!

Guilherme Cavalli e Tiago Miotto/Cimi
 

Depois de acamparem em frente ao Ministério da Justiça, em Brasília, e ocuparem o escritório da Presidência da República, em São Paulo, onde um grande ato reuniu milhares de pessoas, os Guarani finalmente obtiveram uma agenda com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, no final da tarde de ontem (30), na capital federal.

Os indígenas exigiram do ministro a revogação da Portaria 683/2017, publicada há dez dias, na qual o ministro anula a Portaria Declaratória da Terra Indígena Jaraguá, condenando os Guarani ao confinamento em uma área de apenas 1,7 hectares.

Intransigente e sem dar espaço a questionamentos, Jardim respondeu aos Guarani que "com prédio público ocupado, eu não recuo, não revejo a matéria".

O ministro defendeu a anulação da demarcação do Jaraguá, usando o argumento - inconstitucional - de que a terra "juridicamente" pertence ao estado de São Paulo, em função da existência de um parque sobreposto aos 532 hectares reconhecidos como de ocupação tradicional Guarani. A Constituição estabelece que todos os títulos incidentes sobre terras indígenas são nulos.

"Nós vamos lutar com a nossa vida, ministro. Ao invés de anular a portaria, manda um trator lá, abre um buraco e enterra a gente, mas a gente não vai sair da terra", afirmou Karai Popyguá, liderança Guarani que participou da reunião com Torquato Jardim. "Essa medida é genocida, assassina, ela gera sangue, ela gera morte", prosseguiu.

Após a reunião, os indígenas ainda passaram a noite na ocupação em São Paulo e no acampamento em Brasília e afirmam que as mobilizações seguem até que a Portaria 683/17 seja revogada e a demarcação da Terra Indígena Jaraguá, retomada.


Vídeo: Guilherme Cavalli e Tiago Miotto/Cimi e coletivo Tenonderã Ayvu