19
Abril
2017
O Brasil de Temer
Entrega
Daniel Gatti
Foto: mundogeo.com
Na mesma semana em que Michel Temer confessou que o impeachment de Dilma Rousseff foi feito por “vingança”, soube-se também que seu governo planeja conceder ao capital privado uma enorme região da Amazônia rica em minerais.
Quando assumiu o governo, há exatamente um ano, Temer havia prometido tirar o país da recessão, recuperar o emprego e o investimento, combater a corrupção e melhorar a vida da população.
Aconteceu exatamente o contrário: a recessão se agravou, há 14 milhões de desempregados – um recorde -, o investimento não chegou, aumentaram a pobreza e a extrema pobreza e oito dos 27 integrantes do gabinete tiveram que renunciar em apenas poucos meses acusados de atos de corrupção.
Entre os aliados do Executivo, que renunciaram ou foram forçados a renunciar, está o ex-presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, um dos artífices do processo de impeachment, retirando a presidenta Rousseff do seu cargo, agora ocupado pelo governo Temer.
O atual presidente acaba de reconhecer, precisamente, que quando Cunha – hoje na prisão purgando uma pena de 15 anos – iniciou o caminho para o impeachment da presidenta Rousseff, o que o movia era “apenas vingança” e não um suposto afã de “combater a corrupção”.
Pelo contrário: habilitou o início do processo porque a então presidenta não aceitou sua chantagem de engavetar o pedido de julgamento político contra ela se, em troca, ela lhe garantisse que não seria processado penalmente por suas corruptelas.
Porém, até Cunha ser destituído de seu cargo na Câmara, em setembro passado, ele foi um bom aliado de Temer, manifestando-se a favor da adoção de um teto para o gasto público por 20 anos (isto é, uma redução nos orçamentos destinados à educação e saúde) – uma medida que seria votada posteriormente – e a favor também de reformas como a trabalhista ou a da Previdência Social, que supõem acabar com conquistas sociais de longa data.
Cunha – e com ele todos os legisladores que votaram pelo impeachment – foi também partidário de aprofundar o processo – iniciado por Dilma – de conceder às grandes empresas blocos exploratórios de petróleo da camada pré-sal.
E agora Temer completará esse processo de entrega dos recursos naturais do país. De acordo com a revista Valor, o presidente mais impopular da História do Brasil acaba de assinar uma resolução desativando a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca).
Criada em 1984, ainda na época da ditadura militar, essa reserva vinha funcionando como uma proteção contra a devastação de uma zona de 46 mil quilômetros quadrados na Amazônia, rica em cobre, titânio, fosfato e principalmente ouro, onde vivem milhares de indígenas.
De acordo com o texto da medida, publicada pelo Diário Oficial, “a extinção da Renca viabilizará o acesso ao potencial mineral existente na região e estimulará o desenvolvimento econômico dos estados” localizados na área.
Com a eliminação da Renca, a “iniciativa privada” conseguirá se apropriar – isto é, as grandes empresas de mineração, especialmente as transnacionais – de uma gigantesca região amazônica, com pouco ou nenhum benefício real para os habitantes da área, e em geral para os brasileiros.
Mais uma pérola do colar da desnacionalização das riquezas do solo e do subsolo do Brasil, colar este que começou a ser feito há anos.
Aconteceu exatamente o contrário: a recessão se agravou, há 14 milhões de desempregados – um recorde -, o investimento não chegou, aumentaram a pobreza e a extrema pobreza e oito dos 27 integrantes do gabinete tiveram que renunciar em apenas poucos meses acusados de atos de corrupção.
Entre os aliados do Executivo, que renunciaram ou foram forçados a renunciar, está o ex-presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, um dos artífices do processo de impeachment, retirando a presidenta Rousseff do seu cargo, agora ocupado pelo governo Temer.
O atual presidente acaba de reconhecer, precisamente, que quando Cunha – hoje na prisão purgando uma pena de 15 anos – iniciou o caminho para o impeachment da presidenta Rousseff, o que o movia era “apenas vingança” e não um suposto afã de “combater a corrupção”.
Pelo contrário: habilitou o início do processo porque a então presidenta não aceitou sua chantagem de engavetar o pedido de julgamento político contra ela se, em troca, ela lhe garantisse que não seria processado penalmente por suas corruptelas.
Porém, até Cunha ser destituído de seu cargo na Câmara, em setembro passado, ele foi um bom aliado de Temer, manifestando-se a favor da adoção de um teto para o gasto público por 20 anos (isto é, uma redução nos orçamentos destinados à educação e saúde) – uma medida que seria votada posteriormente – e a favor também de reformas como a trabalhista ou a da Previdência Social, que supõem acabar com conquistas sociais de longa data.
Cunha – e com ele todos os legisladores que votaram pelo impeachment – foi também partidário de aprofundar o processo – iniciado por Dilma – de conceder às grandes empresas blocos exploratórios de petróleo da camada pré-sal.
E agora Temer completará esse processo de entrega dos recursos naturais do país. De acordo com a revista Valor, o presidente mais impopular da História do Brasil acaba de assinar uma resolução desativando a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca).
Criada em 1984, ainda na época da ditadura militar, essa reserva vinha funcionando como uma proteção contra a devastação de uma zona de 46 mil quilômetros quadrados na Amazônia, rica em cobre, titânio, fosfato e principalmente ouro, onde vivem milhares de indígenas.
De acordo com o texto da medida, publicada pelo Diário Oficial, “a extinção da Renca viabilizará o acesso ao potencial mineral existente na região e estimulará o desenvolvimento econômico dos estados” localizados na área.
Com a eliminação da Renca, a “iniciativa privada” conseguirá se apropriar – isto é, as grandes empresas de mineração, especialmente as transnacionais – de uma gigantesca região amazônica, com pouco ou nenhum benefício real para os habitantes da área, e em geral para os brasileiros.
Mais uma pérola do colar da desnacionalização das riquezas do solo e do subsolo do Brasil, colar este que começou a ser feito há anos.