28
Janeiro
2016
Com Elias D’Angelo
Um flagelo que perdura
En Montevideo, Amalia Antúnez
Foto: Gerardo Iglesias
Dia 28 de janeiro, dez anos depois dos assassinatos de três auditores fiscais e de um motorista do Ministério do Trabalho, que realizavam uma inspeção devido a denúncias de trabalho escravo no estado de Minas Gerais, comemora-se o dia nacional de luta contra o trabalho escravo no Brasil.
Apesar dos avanços legais e de um maior acesso à informação sobre este tema, o trabalho forçado em condições análogas a da escravidão é uma triste realidade neste país continente.
A Rel conversou com Elias D’Angelo sobre esta questão, secretário dos Assalariados e Assalariadas Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag).
-Como caminha a luta contra o trabalho escravo no Brasil nestes últimos anos?
-Tem avançado enormemente com relação aos processos de denúncia contra as empresas ou empresários que mantêm trabalhadores como escravos, mas sem dúvidas ainda falta muito.
Porém, houve avanços sim. Contamos com um grupo de trabalhadores e de dirigentes que estão conscientes e informados sobre esta questão, e portanto muito mais ativos diante das denúncias e dos passos que devem seguir para dar visibilidade a este crime.
-Quais são os principais problemas que vocês enfrentam nesta luta?
-Um dos principais obstáculos que enfrentamos no combate ao trabalho escravo no Brasil é a falta de auditores fiscais que são os que realizan as inspeções nos locais de trabalho, e isto faz com que a cifra de resgatados também seja menor.
Existem vários pedidos de fiscalização e de denúncia no Ministério do Trabalho. Infelizmente esta carteira não conta com o apoio do governo nem com os recursos necessários para levar adiante um eficaz combate ao trabalho escravo.
Por isto é que o papel da Contag, em geral e dos trabalhadores em particular, seja tão importante para o combate a este flagelo que envergonha o país.
-Você acredita que o sistema produtivo do Brasil, com a expansão do agronegócio, propicia o trabalho escravo? E a exportação de mão de obra, como se dá?
-Aqui se proclama que a fronteira agrícola brasileira se expande cada vez mais e é certo que há regiões onde é quase impossível os fiscais terem acesso.
Por outro lado, o modelo de produção do Brasil propicia a que se deem situações de trabalhadores em condições análogas a da escravidão, já que é extremamente capitalista.
É um modelo onde o lucro e a ganância dos produtores rurais primam sobre o bem-estar dos trabalhadores.
Apesar de que, em termos de legislação trabalhista, houve importantes avanços na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais, na prática o capitalismo é selvagem e o modelo de produção do Brasil é propício para a exportação de trabalho escravo.
-Continua ocorrendo o fenômeno de que o maior número de trabalhadores nestas condições é o daqueles que atuam nos setores da agropecuária?
-Se por um lado, o maior número de denúncias, e também de resgates, acontece em estabelecimentos agrícolas, infelizmente o trabalho escravo não é exclusividade do meio rural e, de fato, tem se espalhado pelas zonas urbanas e sua faceta mais sórdida se manifesta com os trabalhadores migrantes.
Haitianos, senegaleses, chineses, entre outros, são agora os mais vulneráveis a esta prática criminosa. Em geral, trabalham em manufaturas ou na construção civil, são as principais vítimas de empresários inescrupulosos que se aproveitam de sua condição para explorá-los e escravizá-los.
A Rel conversou com Elias D’Angelo sobre esta questão, secretário dos Assalariados e Assalariadas Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag).
-Como caminha a luta contra o trabalho escravo no Brasil nestes últimos anos?
-Tem avançado enormemente com relação aos processos de denúncia contra as empresas ou empresários que mantêm trabalhadores como escravos, mas sem dúvidas ainda falta muito.
Porém, houve avanços sim. Contamos com um grupo de trabalhadores e de dirigentes que estão conscientes e informados sobre esta questão, e portanto muito mais ativos diante das denúncias e dos passos que devem seguir para dar visibilidade a este crime.
-Quais são os principais problemas que vocês enfrentam nesta luta?
-Um dos principais obstáculos que enfrentamos no combate ao trabalho escravo no Brasil é a falta de auditores fiscais que são os que realizan as inspeções nos locais de trabalho, e isto faz com que a cifra de resgatados também seja menor.
Existem vários pedidos de fiscalização e de denúncia no Ministério do Trabalho. Infelizmente esta carteira não conta com o apoio do governo nem com os recursos necessários para levar adiante um eficaz combate ao trabalho escravo.
Por isto é que o papel da Contag, em geral e dos trabalhadores em particular, seja tão importante para o combate a este flagelo que envergonha o país.
-Você acredita que o sistema produtivo do Brasil, com a expansão do agronegócio, propicia o trabalho escravo? E a exportação de mão de obra, como se dá?
-Aqui se proclama que a fronteira agrícola brasileira se expande cada vez mais e é certo que há regiões onde é quase impossível os fiscais terem acesso.
Por outro lado, o modelo de produção do Brasil propicia a que se deem situações de trabalhadores em condições análogas a da escravidão, já que é extremamente capitalista.
É um modelo onde o lucro e a ganância dos produtores rurais primam sobre o bem-estar dos trabalhadores.
Apesar de que, em termos de legislação trabalhista, houve importantes avanços na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais, na prática o capitalismo é selvagem e o modelo de produção do Brasil é propício para a exportação de trabalho escravo.
-Continua ocorrendo o fenômeno de que o maior número de trabalhadores nestas condições é o daqueles que atuam nos setores da agropecuária?
-Se por um lado, o maior número de denúncias, e também de resgates, acontece em estabelecimentos agrícolas, infelizmente o trabalho escravo não é exclusividade do meio rural e, de fato, tem se espalhado pelas zonas urbanas e sua faceta mais sórdida se manifesta com os trabalhadores migrantes.
Haitianos, senegaleses, chineses, entre outros, são agora os mais vulneráveis a esta prática criminosa. Em geral, trabalham em manufaturas ou na construção civil, são as principais vítimas de empresários inescrupulosos que se aproveitam de sua condição para explorá-los e escravizá-los.
Na direção de uma campanha nacional e internacional
O trabalho escravo deve terminar
-Que atividades estão pautadas para a jornada de hoje?
-Nesta jornada registramos dez anos do vil assassinato dos três auditores fiscais e do motorista do Ministério do Trabalho, crivados de balas quando investigavam denúncias de trabalho escravo no estado de Minas Gerais.
Para este dia, a Contag está realizando atividades em vários estados conjuntamente com o lançamento de uma campanha nacional de combate ao trabalho escravo com especial relevância para o portal de denúncia, que será um canal muito importante para poder chegar a mais pontos do país, e gerar um combate mais efetivo a este tipo de crime.
Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer à Rel-UITA, em especial ao companheiro Gerardo Iglesias, com quem contamos sempre, e de quem recebemos um apoio incondicional nesta e em tantas outras lutas.
Ilustração: Allan McDonald
Tradução Luciana Gaffrée