19
Maio
2015
Brasil | Sindicatos | HRCT

Por uma NR para o setor hoteleiro

En Florianópolis, Gerardo Iglesias
Amplamente reconhecido pelo seu destacado empenho na elaboração da Norma Regulamentadora 36 (NR36) sobre as condições de trabalho nas empresas de processamento de carnes, o doutor Roberto Ruiz agora luta, junto com a CONTRATUH, para combater a situação de trabalho insalubre enfrentada pelas camareiras.

-Quais reflexões sobre as condições de trabalho das camareiras você poderia fazer?
-O que eu vejo é que, como os trabalhadores dos outros setores, as camareiras, infelizmente, são super exploradas, recebem salários muito baixos e realizam grandes esforços físicos, jornadas extenuantes que, em longo prazo, terminam afetando a sua saúde e levando-as a se aposentarem precocemente, por doença.

Problemas de coluna, ombros, joelhos, sem mencionar os danos psicológicos, como a depressão e a ansiedade, são os principais males que atingem esta coletividade.

Infelizmente, este é um setor que leva muitas pessoas a adoecerem.

-Nem falar da aprovação do projeto de lei (PL) sobre terceirizações...
-Ah é! Porque este grau de exploração que descrevi, acontece com os trabalhadores permanentes dos hotéis.
Se essa lei for aprovada, com certeza a imensa maioria das camareiras será terceirizada, o que piorará, sem dúvida nenhuma, as condições de trabalho delas.

O movimento sindical combativo foi para as ruas do Brasil para denunciar os efeitos deste projeto, que pode destroçar os avanços e conquistas trabalhistas dos últimos 50 anos.

Se o PL da Terceirização for aprovado, será um retrocesso absurdo da legislação trabalhista brasileira, não só do ponto de vista salarial, mas também deixará ainda mais precárias as condições de trabalho.

Está comprovado que no Brasil existem mais de 30 milhões de trabalhadores com vínculo de trabalho direto, e 12 milhões de terceirizados. Segundo a previdência social, o maior número de aposentadorias precoces por doença vem dos trabalhadores terceirizados, demonstrando a precarização das condições de trabalho às quais estão sujeitos.

-Você acredita na necessidade de se encarar a tarefa de melhorar as condições de trabalho deste setor, criando uma norma reguladora para as camareiras, como já foi feito com os frigoríficos?
-Por experiência, sabemos que o trajeto até que uma lei seja aprovada é muito árduo e complicado.

Mas, no Brasil, existe uma etapa anterior à Lei que é a Norma, que na prática tem a  mesma validade da lei, permitindo estabelecer os procedimentos mínimos para melhorar as condições de trabalho.

Estou convencido de que o caminho é esse.

Tradução: Luciana Gaffrée