08
Maio
2017
Sexta Missão da UITA em Honduras
ETI suspende a Fyffes por descumprir direitos trabalhistas e sindicais
Urge diálogo no setor de produção de melões de Honduras
En Tegucigalpa, Giorgio Trucchi
Em 4 de maio passado, o Conselho Diretor da Iniciativa de Comércio Ético (ETI) com sede em Londres, uma parceria entre empresas, organizações não governamentais e sindicatos, para identificar e promover boas práticas na execução dos códigos de condutas no trabalho, incluindo monitoramento e verificação independente, resolveu suspender a filiação da transnacional irlandesa Fyffes, acatando as recomendações do subcomitê que investigou reiteradas denúncias de descumprimento dos direitos trabalhistas e sindicais em Honduras.
A resolução do Conselho Diretor da ETI1 é o epílogo de uma disputa entre a Fyffes, a União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA) e a BananaLink, em função das violações aos direitos de milhares de trabalhadores e trabalhadoras das fazendas produtoras de melão localizadas no sul de Honduras.
O comunicado da ETI explica que a Fyffes, recentemente adquirida pela empresa japonesa Sumitomo, está agora obrigada a “trabalhar com a UITA para chegar a um acordo-quadro mutualmente aceitável”.
Se isso não for feito dentro do prazo de 90 dias, a transnacional irlandesa será expulsa definitivamente deste organismo, cuja norma é o comércio ético.
"Há uma constante que se mantém no centro da disputa: o fato de que os trabalhadores da Suragroh2, em Honduras, devem poder usufruir o direito a serem representados por um representante eleito por eles”, declarou Peter McAllistair, diretor executivo da ETI.
De acordo com McAllistair, a suspensão da Fyffes oferece uma oportunidade a ser aproveitada.
"O objetivo não é só resolver os problemas no curto prazo, mas construir um melhor ambiente empresarial através do desenvolvimento de sistemas maduros de relações de trabalho”, acrescentou o diretor da ETI.
O comunicado da ETI explica que a Fyffes, recentemente adquirida pela empresa japonesa Sumitomo, está agora obrigada a “trabalhar com a UITA para chegar a um acordo-quadro mutualmente aceitável”.
Se isso não for feito dentro do prazo de 90 dias, a transnacional irlandesa será expulsa definitivamente deste organismo, cuja norma é o comércio ético.
"Há uma constante que se mantém no centro da disputa: o fato de que os trabalhadores da Suragroh2, em Honduras, devem poder usufruir o direito a serem representados por um representante eleito por eles”, declarou Peter McAllistair, diretor executivo da ETI.
De acordo com McAllistair, a suspensão da Fyffes oferece uma oportunidade a ser aproveitada.
"O objetivo não é só resolver os problemas no curto prazo, mas construir um melhor ambiente empresarial através do desenvolvimento de sistemas maduros de relações de trabalho”, acrescentou o diretor da ETI.
Fyffes antiética
Uma longa história de antissindicalismo
Nas plantações de melões da Fyffes, 80 por cento da mão-de-obra é feminina e sazonal. A metade destas mulheres são mães solteiras.
Após a formação de conselhos subseccionais do Sindicato dos Trabalhadores da Agroindústria e Similares (STAS), a transnacional de frutos frescos reagiu despedindo e não recontratando centenas de trabalhadores e trabalhadoras organizados, ignorando o pedido de instalação de uma mesa de negociação coletiva.
Em mais de uma ocasião, o STAS denunciou as extenuantes jornadas de trabalho, o não pagamento do salário mínimo nem das horas extras, e nem mesmo das férias proporcionais. Também denunciaram a falta de respeito à antiguidade por tempo de serviço acumulada e a falta de contribuição para a previdência social.
Além disso, o STAS denunciou as más condições de higiene e de segurança, a demissão de trabalhadoras por estarem grávidas e a criação de “listas negras”.
O recente ataque perpetrado contra Moisés e Misael Sánchez, ambos membros do sindicato, gerou mais preocupação ainda entre os trabalhadores organizados e as comunidades onde mora a maioria da mão-de-obra do setor de produção de melões.
Após a formação de conselhos subseccionais do Sindicato dos Trabalhadores da Agroindústria e Similares (STAS), a transnacional de frutos frescos reagiu despedindo e não recontratando centenas de trabalhadores e trabalhadoras organizados, ignorando o pedido de instalação de uma mesa de negociação coletiva.
Em mais de uma ocasião, o STAS denunciou as extenuantes jornadas de trabalho, o não pagamento do salário mínimo nem das horas extras, e nem mesmo das férias proporcionais. Também denunciaram a falta de respeito à antiguidade por tempo de serviço acumulada e a falta de contribuição para a previdência social.
Além disso, o STAS denunciou as más condições de higiene e de segurança, a demissão de trabalhadoras por estarem grávidas e a criação de “listas negras”.
O recente ataque perpetrado contra Moisés e Misael Sánchez, ambos membros do sindicato, gerou mais preocupação ainda entre os trabalhadores organizados e as comunidades onde mora a maioria da mão-de-obra do setor de produção de melões.
Uma campanha mundial de sucesso
A Fyffes deve reconsiderar
“Esperamos que esta decisão da ETI faça com que a Fyffes comece a colocar em prática os procedimentos para garantir a liberdade sindical e o trabalho decente em todas as suas cadeias de fornecimento”, disse Jacqui Mackay, coordenadora nacional da BananaLink.
“A campanha mundial da UITA, em parceria com a BananaLink, deu destaque internacional às péssimas condições de trabalho, denunciando a violação de direitos humanos nas fazendas da Fyffes. Aguardamos que a transnacional reconsidere, que se sente para conversar e comece a limpar a sua imagem, respeitando o direito dos seus trabalhadores e trabalhadoras a se organizarem e a lutarem por condições de trabalho dignas”, afirmou Jacqui Mackay.
Gerardo Iglesias, secretário regional de nossa Internacional, informou que “a Missão da UITA solicitou ao ministro do Trabalho e à Promotoria de Honduras, a necessidade de uma urgente, eficaz e decidida intervenção, visando a salvaguardar a liberdade sindical, a integridade física dos dirigentes e ativistas do Sindicato, bem como o cabal cumprimento da Constituição e dos convênios internacionais ratificados por Honduras”.
“A campanha mundial da UITA, em parceria com a BananaLink, deu destaque internacional às péssimas condições de trabalho, denunciando a violação de direitos humanos nas fazendas da Fyffes. Aguardamos que a transnacional reconsidere, que se sente para conversar e comece a limpar a sua imagem, respeitando o direito dos seus trabalhadores e trabalhadoras a se organizarem e a lutarem por condições de trabalho dignas”, afirmou Jacqui Mackay.
Gerardo Iglesias, secretário regional de nossa Internacional, informou que “a Missão da UITA solicitou ao ministro do Trabalho e à Promotoria de Honduras, a necessidade de uma urgente, eficaz e decidida intervenção, visando a salvaguardar a liberdade sindical, a integridade física dos dirigentes e ativistas do Sindicato, bem como o cabal cumprimento da Constituição e dos convênios internacionais ratificados por Honduras”.
Fotos: Giorgio Trucchi
1 http://www.ethicaltrade.org/blog/fyffes-eti-membership-etis-may-2017-board-meeting-decision
2 Sur Agrícola de Honduras
3 http://informes.rel-uita.org/index.php/sindicatos/item/no-nos-van-a-intimidar