04
Novembro
2014

“Todos nós temos os mesmos direitos”

En Marau, Gerardo Iglesias

 sonia maria 714x345
Foto: Gerardo Iglesias

A presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Cascavel e Região dialogou com A Rel sobre o novo cenário gerado pelo fenômeno migratório no sul do Brasil; bem como a posição de sua organização, e também a tarefa que eles vêm realizando em prol dos direitos destes trabalhadores migrantes e dos sindicatos diante desta nova conjuntura.

 

-O que o seu sindicato está fazendo pelos trabalhadores migrantes?
-É uma questão complexa que pede uma abordagem em parcerias, com outras organizações e instituições da região, preocupadas com este novo fenômeno.

Por isso, construímos uma aliança importante com a Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA), que tem sido muito positiva. Partiu do Sindicato e da própria universidade a necessidade de realizarem uma investigação sobre os trabalhadores haitianos em Cascavel, que trabalham no setor da agroindústria.

Entretanto, uma vez que começamos com o estudo, percebemos que há muitos migrantes em outras áreas da indústria.

-Qual é a principal problemática enfrentada por estes trabalhadores?
-São geralmente pessoas que não terminaram seus estudos universitários e nos solicitam poder concluí-los aqui, além disso, pedem acesso a uma moradia permanente e o combate à discriminação que ainda sofrem na cidade.

-Há casos onde os trabalhadores brasileiros questionam as medidas do Sindicato com relação aos trabalhadores migrantes?
-Sim. Já escutamos um pessoal dizer que não temos nada que ver com estes estrangeiros, que eles vêm pra cá tirar o trabalho dos brasileiros e coisas desse tipo, totalmente discriminatórias.

-E por que o Sindicato levanta essa bandeira?
-Porque sou sindicalista e, portanto sou uma defensora e promotora dos Direitos Humanos. Os haitianos, homens e mulheres que chegam aqui, são irmãos, camaradas, não são nossos inimigos.

E o nosso Sindicato trabalha de portas abertas para todos os trabalhadores igualmente, sem nenhum tipo de distinção: nem de sexo, raça ou nacionalidade. Todos nós temos os mesmos direitos.

Recentemente, aconteceu de uma trabalhadora haitiana perder a mão trabalhando em um dos frigoríficos que não pertencem à minha base sindical e nós igualmente estivemos com ela, e a levamos para a organização de seu município para que tomassem as medidas correspondentes perante o Ministério Público.

-Um Sindicato de portas abertas, toda uma definição...
-Em primeiro lugar somos uma organização que acredita na militância, que se aproxima das pessoas e do seu dia-a-dia, e, além disso, estamos profundamente felizes com o fato de o nosso Sindicato, além de tudo, ter se convertido em um ponto de encontro para os trabalhadores haitianos.

Aqui chegam, encontram o seu espaço, participam das nossas atividades, vão nos conhecendo e nós a eles. E para esse trabalho, contamos com a assessoria e o acompanhamento da Universidade, como já mencionei anteriormente.

Estou convencida de que estamos fazendo um bom trabalho...


Tradução: Luciana Gaffrée