03
Junho
2015
O feminicídio é a vergonha da América Latina
Nem uma a menos...!
En Montevideo, Amalia Antúnez
Ilustración: CartonClub
Nesta quarta-feira 3 de junho, na Argentina e no Uruguai, as pessoas saíram às ruas para protestar contra a violência de gênero, um mal endêmico que cresce de forma alarmante em nossas sociedades.
A cada 31 horas morre uma mulher, vítima de violência de gênero, na Argentina. 15 por dia no Brasil. Quase 2 mil por ano no México.
Em 2014, no Uruguai, 25 mulheres foram assassinadas por seus companheiros ou ex- companheiros. Neste mesmo período, na Colômbia foram 88 mulheres, no Peru 83, na República Dominicana 71, em El Salvador 46, no Paraguai 20 e na Guatemala 17 mulheres assassinadas por companheiros ou ex-companheiros. Já no Equador, só no ano passado, foram 97 as mortes por violência de gênero. O feminicídio é a vergonha da América Latina.
Os assassinatos de mulheres na região levaram à criação de leis para combatê-lo, entretanto o número de crimes de gênero continua sendo alto.
Além disso, as estatísticas oficiais são poucas, contabilizadas de maneira díspar e os sistemas judiciais costumam ser lentos ao processar um homem por este crime.
Esta problemática está atualmente na agenda, devido à comoção social gerada por uma série recente de feminicídios na Argentina, envolvendo uma adolescente grávida e uma professora pré-escolar, brutalmente assassinada por seu ex-marido na frente dos seus pequenos alunos em Córdoba.
Os protestos contra a violência de gênero começaram nas redes sociais, recebendo rapidamente a adesão de figuras públicas e de artistas famosos na Argentina.
Na quarta-feira passada, dia 3 de junho, a população inteira foi convocada para uma manifestação sob o lema “Nem uma a menos” (Ni una menos).
O Uruguai se uniu à campanha. No país as cifras de feminicídios são altíssimas. 18 mulheres já foram assassinadas neste ano de 2015, vítimas de seus companheiros, ex-companheiros ou familiares. Em 2014, o Uruguai bateu o recorde de país com a maior taxa de feminicídios da América Latina, segundo o ranking elaborado pela Cepal.
Conforme declaração da AFP Fabiana Tuñez, diretora da Casa do Encontro, ONG destinada a esta problemática, o feminicídio cresce porque vivemos em “uma sociedade doente, alimentada por paradigmas machistas, onde a mulher continua sendo um objeto a ser dominado”.
A marcha “Nem uma a menos” busca criar consciência sobre um mal que a Argentina não tem conseguido frear com suas leis, nem mesmo depois de 2012, quando a prisão perpétua passou a ser a pena para o feminicídio.
Em 2014, no Uruguai, 25 mulheres foram assassinadas por seus companheiros ou ex- companheiros. Neste mesmo período, na Colômbia foram 88 mulheres, no Peru 83, na República Dominicana 71, em El Salvador 46, no Paraguai 20 e na Guatemala 17 mulheres assassinadas por companheiros ou ex-companheiros. Já no Equador, só no ano passado, foram 97 as mortes por violência de gênero. O feminicídio é a vergonha da América Latina.
Os assassinatos de mulheres na região levaram à criação de leis para combatê-lo, entretanto o número de crimes de gênero continua sendo alto.
Além disso, as estatísticas oficiais são poucas, contabilizadas de maneira díspar e os sistemas judiciais costumam ser lentos ao processar um homem por este crime.
Esta problemática está atualmente na agenda, devido à comoção social gerada por uma série recente de feminicídios na Argentina, envolvendo uma adolescente grávida e uma professora pré-escolar, brutalmente assassinada por seu ex-marido na frente dos seus pequenos alunos em Córdoba.
Os protestos contra a violência de gênero começaram nas redes sociais, recebendo rapidamente a adesão de figuras públicas e de artistas famosos na Argentina.
Na quarta-feira passada, dia 3 de junho, a população inteira foi convocada para uma manifestação sob o lema “Nem uma a menos” (Ni una menos).
O Uruguai se uniu à campanha. No país as cifras de feminicídios são altíssimas. 18 mulheres já foram assassinadas neste ano de 2015, vítimas de seus companheiros, ex-companheiros ou familiares. Em 2014, o Uruguai bateu o recorde de país com a maior taxa de feminicídios da América Latina, segundo o ranking elaborado pela Cepal.
Conforme declaração da AFP Fabiana Tuñez, diretora da Casa do Encontro, ONG destinada a esta problemática, o feminicídio cresce porque vivemos em “uma sociedade doente, alimentada por paradigmas machistas, onde a mulher continua sendo um objeto a ser dominado”.
A marcha “Nem uma a menos” busca criar consciência sobre um mal que a Argentina não tem conseguido frear com suas leis, nem mesmo depois de 2012, quando a prisão perpétua passou a ser a pena para o feminicídio.
Homicídio comum ou feminicídio?
A dificuldade de tipificar
As palavras feminicídio ou femicídio não existem no dicionário, mas fazem parte do código penal em 16 países da região.
Segundo o Observatório Cidadão Nacional sobre o Feminicídio do México, este crime consiste no assassinato de mulheres praticado por homens que as matam pelo fato de serem mulheres: por misoginia e por sexismo, por parte de homens que se sentem superiores e acham que possuem o direito de terminar com as vidas de “suas” mulheres.
“Entre 2012 e 2013 documentamos 3.892 mulheres assassinadas em todo o país.
Destes homicídios, só 613 foram investigados como feminicidios”, disse para a AFP María de la Luz Estrada, coordenadora do Observatório mexicano.
A explicação para esta escassa tipificação do delito obedece a que no México, diferentemente do Brasil ou da Guatemala, o delito de feminicídio não vigore em todo o país.
Por que as autoridades consideram tão poucos feminicídios dentro dos assassinatos de mulheres?
Segundo a ativista, “17 estados do país tipificaram o feminicídio com tipos penais muito difíceis de comprovar”, com requisitos e requerimentos complicados que fazem com que os crimes sejam considerados apenas homicídios.
Segundo o Observatório Cidadão Nacional sobre o Feminicídio do México, este crime consiste no assassinato de mulheres praticado por homens que as matam pelo fato de serem mulheres: por misoginia e por sexismo, por parte de homens que se sentem superiores e acham que possuem o direito de terminar com as vidas de “suas” mulheres.
“Entre 2012 e 2013 documentamos 3.892 mulheres assassinadas em todo o país.
Destes homicídios, só 613 foram investigados como feminicidios”, disse para a AFP María de la Luz Estrada, coordenadora do Observatório mexicano.
A explicação para esta escassa tipificação do delito obedece a que no México, diferentemente do Brasil ou da Guatemala, o delito de feminicídio não vigore em todo o país.
Por que as autoridades consideram tão poucos feminicídios dentro dos assassinatos de mulheres?
Segundo a ativista, “17 estados do país tipificaram o feminicídio com tipos penais muito difíceis de comprovar”, com requisitos e requerimentos complicados que fazem com que os crimes sejam considerados apenas homicídios.